E a vida vem mostrando - no momento errado, mas mostrando - quem realmente está ao seu lado. Começando por pistas que passam despercebidas, passando por pormenores detalhes, até que está quase estampado na cara com letras garrafais. Talvez até as letras garrafais estivessem sempre ali, mas a cara de bom anjo ou a voz sutil de quem quer agradar funcionaram como maquiagem. Mas o destino fez questão de enviar um aguaceiro, daqueles que inundam e desnudam tudo e todos. E limpa toda a farsa que a face quis ocultar. Às vezes, são pessoas tão inesperadas que você se sente um tolo por cogitar a tal hipótese da mentira e passa a se culpar por ter pensado assim. Mas os dias são reveladores, uma boa mentira, por melhor que seja, de perna curta ou não, uma hora desmorona.
E hoje eu quero me jogar nesse aguaceiro para que não só limpe qualquer coisa que oculte as minhas verdades, mas também que me escancare para o mundo. Eu não quero passar por essa situação, nem muito menos fazer alguém sentir por mim o que eu sinto agora por determinadas pessoas. Porque a mentira dói muito e o cinismo mais ainda. E o dia a dia tá ai, parecendo que quer testar o meu limite de encarar tudo isso, testando até aonde vai a minha capacidade de driblar essas situações. A verdade, destino, é que eu não consigo. Porque eu procuro me encher de verdades e passo também a acreditar que posso procurá-la nas esquinas e becos por aí. E quando me deparo com mentiras o coração anseia e pede para que eu fuja disso.
Aliás, fugir pode ser um dos meus maiores defeitos. É que, dentre as maneiras mais difíceis fugir é a mais fácil. É abandonar o barco antes dele afundar, mesmo sabendo que você por tanto tempo não se incomodou com o furo que sempre estivera presente ali. Mas, agora, qualquer brecha que fure as verdades e que se permita preencher-se de mentiras não é mais bem-vida. E nunca foi, mas hoje é de uma maneira diferente, porque a permissividade não existe mais, não existe mais aquela tolerância de outrora que tanto me fazia mal, a omissão pediu bilhete de partida e sem data pra voltar.
Novos ares. É o que eu preciso. Preciso de um último suspiro para esse indolente coração voltar a acreditar no que sempre lhe fez bem. E, se a ordem para o ano é não acomodar com o que incomoda, que se comece por isso. Limpeza. De bolsos, gavetas, corações. De mentiras, de pessoas que não nutrem o bem. De tanta energia negativa que está me rodeando. Mas justo agora, coração!? Agora. Porque a verdade, por ser tão do bem, não pede licença nem tem hora pra chegar. Existe um sorriso de boas vindas só para ela, mesmo quando a porta está entreaberta e um aviso de "Não incomode" está estrategicamente pendurado, ela sabe que não é para ela.